quinta-feira, 19 de julho de 2012

O Banquete de Platão

Aristófanes: Discurso sobre o homem e o amor “A princípio, havia três espécies de seres humanos, e não duas, como agora: o masculino e o feminino e, além destes, um terceiro, composto pelos outros dois, que veio a extinguir-se. Apenas nos resta a sua designação, pois a espécie desapareceu. Era a espécie andrógina, que tinha a forma e o nome das outras duas, masculina e feminina, das quais era formada: hoje, já não existe e não passa de uma designação pejorativa. Cada homem, no seu todo, era de forma arredondada, tinha dorso e flancos arredondados, quatro mãos, outras tantas pernas, duas faces exactamente iguais sobre um pescoço redondo e, nestes duas faces opostas, uma só cabeça, quatro orelhas, dois órgãos sexuais, e tudo o resto na mesma proporção. Caminhava erecto, tal como o homem actual, na direcção que lhe convinha. Quando corria, fazia como os acrobatas, que dão voltas no ar. Lançando as pernas para cima e apoiando-se nos membros, em número de oito, rodava rapidamente sobre ele mesmo. Estas três espécies eram assim conformadas, porque o masculino tinha origem no Sol, o feminino na Terra, e a espécie mista provinha da Lua que, como se sabe, participa de ambos. Eram esféricos, e a sua locomoção também, porque se assemelhavam aos progenitores; possuíam igualmente uma força e um vigor extraordinários e, como eram corajosos, decidiram escalar o céu e guerrear os deuses, à semelhança de Efialto e de Oto, o que Homero conta. Em face desta invasão, Zeus e os restantes deuses deliberaram sobre a posição a assumir. O caso apresentava-se de solução difícil: não se podiam decidir a exterminar os homens e a destruir a raça humana a golpes de raio, como tinham feito os Titãs, porque isso significava o fim das homenagens e do culto que os homens prestavam aos deuses; mas não podiam suportar este acto de insolência. Por fim, Zeus, tendo encontrado, não sem alguma dificuldade, uma solução, tomou a palavra e disse: - Creio ter encontrado a maneira de conservar os homens e de cercear a sua liberdade: torná-los-ei mais fracos. Dividi-los-ei em duas partes. Obteremos, assim, a dupla vantagem de os tornar mais fracos e de continuar a tirar deles algum proveito, pois passarão a ser mais numerosos. Caminharão erectos sobre duas pernas. Se continuarem a mostra-se insolentes e não sossegarem, voltarei a dividi-los, e caminharão sobre uma só perna!» Tendo pronunciado esta lei, Zeus cortou todos os homens em dois, tal como se cortam os frutos, ou um ovo com um cabelo. De cada vez que cortava um, ordenava a Apolo para lhe voltar a face e o pescoço para o lado do golpe, a fim de que, vendo-o, o homem se torna-se mais humilde; mandava-lhe, ale, disso, curar as feridas. Apolo assim fazia e, ligando toda a pele na parte que se chama ventre, deixava apenas uma cavidade, que se chama umbigo. Depois, alisava as costuras e arranjava o peito com um instrumento semelhante ao que utilizam os correeiros para polir, na forma, as rugas do cabedal, mas deixava ficar algumas rugas, como as do ventre e as do umbigo, como recordação deste castigo. Ora, depois de assim ter dividido o corpo, cada uma das partes, lamentando a outra metade, foi à procura dela e, abraçando-a e entrelaçando-se uma às outras, no desejo de se fundirem numa só, iam morrendo de fome, por inacção, pois nada queriam fazer, umas sem as outras. Quando morria uma metade e a outra sobrevivia, esta procurava logo outra e enlaçava-se nela, quer fosse metade-mulher , quer fosse metade-homem e, deste modo, a raça ia extinguindo-se.(…) A partir deste momento aparece o amor inato que os seres têm uns pelos outros. O amor tende a reencontrar a antiga natureza, esforça-se por se fundir numa só, e por sarar a natureza humana. Cada um de nós é, por isso, um símbolo, pois fomos cortados em dois, como o linguado e, de um só, ficaram duas metades. Assim, cada um procura a metade que lhe corresponde. Os homens constituídos pela metade daquele composto de dois sexos, amam as mulheres …” Platão, Simpósio, Lisboa, Guimarães Editores, 1986, pp. 43-53

terça-feira, 5 de junho de 2012

brainstorm

espacialização sonora -
diferentes caixas de som embaixo da plateia -
chelpa -
fazer o público vibrar pelo som
janet cardiff e arte sonora
lee ranaldo em bh

penetráveis
ligia clark
automatizar alterações de imagem pelo som, pelo movimento - ver com timba
 rizoma
graves embaixo das cadeiras
som de talheres

http://www.lozano-hemmer.com/wavefunction.php fred frith hainer goebbels

domingo, 22 de abril de 2012

troca de msgs com aurora e cristina

O amor: um equilíbrio instável, sempre em tensão. Se relaxa, desarma. Forte e delicado. Flutua e tensiona.

terça-feira, 17 de abril de 2012

A pedido de Cristina

Agradecimento


Devo muito

aos que não amo.


O alívio de aceitar

que sejam mais próximas de outrem.


A alegria de não ser eu

o lobo de suas ovelhas.


A paz que tenho com eles

e a liberdade com eles,

isso o amor não pode dar

nem consegue tirar.


Não espero por eles

andando da janela a porta.

Paciente

quase como um relógio de sol,

entendo o que o amor não entende,

perdoo,

o que o amor nunca perdoaria.


Do encontro a carta

não se passa uma eternidade,

mas apenas alguns dias ou semanas.


As viagens com eles são sempre um sucesso,

os concertos assistidos,

as catedrais visitadas,

as paisagens claras.


E quando nos separam

sete colinas e rios

são colinas e rios

bem conhecidos dos mapas.


É mérito deles

eu viver em três dimensões,

num espaço sem lírica e sem retórica,

com um horizonte real porque móvel.


Eles próprios não vêem

quanto carregam nas mãos vazias.


" Não lhes devo nada" -

diría o amor

sobre essa questão aberta.



WISLAWA SZYMBORSKA

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Brainstorming com Dom, Cassaro, Cris e Paola


Versalius

Partir do coração e explorar cordas fios tensão (que podem emitir sons também)
As artérias são as linhas do coração
Se trabalharmos linhas azuis, vermelhas e brancas?
Sangue venoso é o sangue pobre em oxigênio e rico em dióxido de carbono, que circula pelas veias sistêmicas e pela árvore arterial pulmonar.
Sangue arterial é o sangue rico em oxigênio, ao contrário do sangue venoso, que é rico em gás carbônico. O sangue arterial circula pelas veias pulmonares e pelas artérias sistêmicas. O termo sangue arterial não significa sangue que circula nas artérias, mas sim sangue rico em oxigênio.

O sistema linfático é uma rede complexa de órgãos linfóides, linfonodos, ductos linfáticos, tecidos linfáticos, capilares linfáticos e vasos linfáticos que produzem e transportam o fluido linfático (linfa) dos tecidos para o sistema circulatório. O sistema linfático é um importante componente do sistema imunológico, pois colabora com glóbulos brancos para proteção contrabactérias e vírus invasores.

O sistema linfático possui três funções interrelacionadas: (1) remoção dos fluidos em excesso dos tecidos corporais, (2) absorção dos ácidos graxos e transporte subsequente da gordura para o sistema circulatório e, (3) produção de células imunes (como linfócitos, monócitos e células produtoras de anticorpos conhecidas como plasmócitos).

Os vasos linfáticos têm a função de drenar o excesso de líquid

o que sai do sangue e banha as células. Esse excesso de líquido que circula nos vasos linfáticos e é devolvido ao sangue chama-se linfa.


Ainda tem:

- O sagrado coração de Jesus

- O meu coração tá na barriga (na verdade é o pulso)

- Saramandaia: o coração lhe sai pela boca


Vladimir Tatlin e as tensões nos cantos:

Máquina voadora de Tatlin
Maiakovski:
Nos demais,
todo mundo sabe,
o coração tem moradia certa,
fica bem aqui no meio do peito,
mas comigo a anatomia ficou louca,
sou todo coração.